sábado, 14 de julho de 2018

Facebook - a epidemia do Séc. XXI

Nos últimos tempos tenho pensado sobre o que era a sociedade em 2008 e como é agora em 2018. Tem sido uma reflexão a vários níveis. Desde a politica mundial à nacional, estilos de vida, etc. Hoje venho falar de como o Facebook mudou o mundo inteiro.

Passaram 10 anos, é um período de tempo considerável. Ora vamos a analisar.

Em 2008, o Facebook ainda era muito pouco popular (eu só ouvi falar do Facebook em 2009 pela primeira vez). As pessoas que tinham acesso à internet, que na altura era apenas por computador, usavam o famoso MSN, que servia para apenas falarmos uns com os outros. Praticamente, quem tinha acesso à internet, usava-o para comunicar e jogar online. Os telemóveis na altura, apenas faziam chamadas e SMS, os mais avançados já tinham leitor MP3 e câmara. Era um luxo.

Nessa altura, os jovens tinha pouco acesso à Internet, os computadores eram caros e quem tinha, usava para esses meios. Era impensável para a maioria das pessoas, partilharem informações sobre a vida privada, ou fotografias de vários acontecimentos pessoais, num site de rede social. A internet era usada como uma ferramenta de informação, e o Google já era o motor de pesquisa mais famoso do mundo.

Hoje, em 2018, qualquer pessoa já tem um smartphone no bolso, com ligação 4G, com a app do Facebook sempre pronta para actualizar. Maioria da população portuguesa e mundial usa o Facebook.

São tudo coisas que em 2008 muita gente estava longe de imaginar. Ter um computador no bolso (sim, os telemóveis de hoje são autênticos computador de bolso) com ligação 4G, que permite estar sempre conectado à Internet.

É claro que é uma ferramenta espantosa, ter um computador de bolso, com internet, em qualquer lugar que se queira. Mas isso traz implicações para o quotidiano de muitas pessoas.

Hoje, em qualquer sitio que vá, vejo pessoas na paragem do autocarro a ver o Facebook. Jovens a ir para a escola e a verem o Facebook, para não se aborrecerem. Pois, porque hoje em dia a palavra aborrecimento não faz parte do vocabulário de ninguém. Selfies constantes, todos sempre ligados ao Facebook.

E para ti que estás a ler isto, admite isto: já acordaste e a primeira coisa que fizeste foi desbloquear o smartphone e ver que notificações tinhas no Facebook, quantos likes fizeram na tua nova fotografia no Instagram, etc. Já deves ter feito vezes sem conta.

E vou mais longe... já deves ter gasto muito tempo a fazer scroll, apenas a ver memes estúpidos que toda a gente partilha, e a ver a felicidade alheia. Sim, porque no Facebook todos somos felizes e perfeitos. Segundo um vídeo que está no Youtube, em média, gasta-se 50 minutos de cada dia, no Facebook.

Mas também há quem queira desabafar com o Facebook. Já é recorrente ver jovens com desgostos e mesmo adultos com frustrações, a partilharem textos de índole privada, que todos os amigos e amigos de amigos podem ver. É a ferramenta perfeita (de sonho mesmo) a todos os cuscos de profissão. Todos ficam a saber que tal pessoa não está a passar uma boa fase, apenas visualizando o que se passa no feed do Facebook.

O Facebook colecciona histórias de vidas, colecciona a felicidade, a curiosidade, as intrigas, os dados privados, as fotografias, os gostos de cada um, as localizações em tempo real, a nossa escolha partidária, a nossa comida favorita, o número de telemóvel, etc. O Facebook sabe tudo. E quer saber mais, sempre mais.

Basta ir à rua para ver toda a gente de cabeça inclinada, a olhar para o ecrã do smartphone. Muitos deles a informarem o que fizeram no seu dia, ou simplesmente a gastarem o seu tempo a visualizar tudo o que o Facebook soube naquele dia.

O Facebook, em 10 anos, tornou-se de rede social que parecia inofensiva e básica, a um gigante planetário, que tem os dados privados da maioria da população mundial.

O Facebook é tão poderoso e inteligente, que usa um algoritmo para vos prender mais e mais. Quando abrem o feed, o Facebook vai buscar tudo aquilo que vocês gostam de ver. Seja notícias, publicidade de produtos que apreciem, as selfies dos amigos mais chegados, etc. O Facebook conhece bem a cada um de vocês, acreditem.

Ora, com esta reflexão sobre a epidemia do Séc. XXI chamada Facebook, chegamos a umas conclusões.

2008 - As pessoas não passavam tanto tempo online. Pensava-se mais, reflectia-se e havia mais tempo de lazer. Mais tempo de família.

2018 - Quase toda a gente passa mais de 1h por dia a olhar para um ecrã pequeno, e maioria desse tempo é no Facebook. Há pouca reflexão pessoal, e muitos aderem ás modas impostas pelos trendings do Facebook.

Penso que esta conclusão é óbvia. O Facebook está a consumir um dos bens mais preciosos que temos - o tempo. Porque sim, o tempo da nossa vida é limitado.

Para mim tornou-se óbvio há algum tempo. O Facebook destruiu o espaço e a privacidade de cada um que lá esteja. Não percam mais tempo lá. Não estou a obrigar a apagarem o vosso perfil, são livres para o manterem... mas usem de forma inteligente e sábia. Usem o Facebook apenas como agenda de contactos, pessoas que vocês conheçam na vida real.

Com isto, espero que reflitam seriamente como vocês gastam o vosso tempo.

Saudações do vosso amigo